Aspectos emocionais envolvidos no tratamento de câncer de mama
- Juliana Venancio
- 4 de nov. de 2021
- 2 min de leitura
Atualizado: 5 de nov. de 2021
A eclosão do câncer de mama na vida da mulher acarreta efeitos traumáticos, para além da própria enfermidade. A mulher se depara com a iminência da perda de um órgão altamente investido de representações, assim como o temor de ter uma doença sem cura, repleta de sofrimentos e estigmas.
A partir do diagnóstico confirmado, a paciente vê sua vida tomar um rumo diferente do que poderia imaginar, já que o câncer pode acarretar alterações significativas nas diversas esferas da vida, como trabalho, família e lazer. A constante adaptação às mudanças ocorridas devido ao adoecer torna-se necessária.
Por sua vez, saber que tem uma doença sem causa definida traz ainda mais angústia e culpa. Vislumbrar o futuro passa a ser muito doloroso, já que os tratamentos propostos implicam em possível mutilação, náuseas, vômitos, alopécia, além de alterações sexuais e reprodutivas, como a menopausa precoce.

Preocupações
A literatura e a experiência nos mostram algumas das maiores preocupações vivenciadas pelas mulheres com câncer de mama:
perda do controle sobre a vida;
mudanças na autoimagem;
medo da dependência;
estigmas;
medo do abandono;
raiva;
isolamento;
e morte.
O medo da progressão do câncer de mama e da recidiva são outras preocupações constantes. A ansiedade e depressão, acompanhados por sentimento de culpa, estão entre os problemas psicológicos mais frequentes.
Cabe mencionar que as reações das pacientes frente à doença, ao tratamento e à reabilitação dependem de características individuais, tais como: história de vida, contexto cultural e social, espiritualidade e opção sexual. Essas individualidades irão influenciar na forma de avaliar a importância da doença e a forma de enfrentá-la.

Benefícios do acompanhamento psicológico
Num espaço de acolhimento e escuta o terapeuta deve sempre trabalhar com a realidade. Quanto mais informado o paciente estiver de sua doença, maior será a sua capacidade de enfrentar o adoecer e mais confiança terá na equipe. Pacientes bem informados reagem melhor ao tratamento.
A literatura especializada evidencia que pacientes submetidos ao acompanhamento psicológico durante o tratamento do câncer de mama obtêm ganhos significativos, tais como:
melhora do estado geral de saúde;
melhora da qualidade de vida;
melhor tolerância aos efeitos adversos da terapêutica oncológica (quimio/radio e cirurgia);
melhor comunicação entre paciente, família e equipe.

Dessa forma, percebe-se que as intervenções psicológicas podem ter consequências positivas tanto no aspecto emocional (depressão e ansiedade) quanto nos sintomas físicos (náuseas, vômitos e fadiga).
Recentes estudos evidenciam que o sistema imunológico e neuroendócrino são fortemente afetados por fatores emocionais, e que determinadas atitudes psicológicas podem influenciar positivamente no sistema de defesa, favorecendo uma maior e melhor sobrevida ao paciente.
Diante destas evidências, fica claro os benefícios que um acompanhamento psicológico pode trazer durante o tratamento do câncer de mama. Não deixe de ficar atento às questões emocionais envolvidas em todo esse percurso.
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